Nos seus devaneios de liberdade encontrou um pássaro que voava tão sereno,
tão bonito, que parecia uma dança.
Ele notou o encanto dela por ele, se aproximou. Ela dançou com ele.
Como o natural,
se encontraram outras vezes. E dançaram mais,
e gostavam mais, ou simplesmente deixaram acontecer.
Era perigoso que duas almas livres se apaixonassem,
era impossível um pássaro dar certo com um bicho de outra espécie.
Lóra era um bicho, não sei qual, mas era.
Poderia ser uma ave, mas não podia ser pássaro de porte pequeno.
Era bruta, carrancuda, empedrada das dores da vida. Lóra se achava feia por isso,
mas a presença do passarinho fazia ela se sentir o que ela queria ser.
Lóra sabia que mesmo tão diferentes, tinha encontrado um grande amigo,
e fez tudo por essa amizade.
O pássaro era sisudo, mas para Lóra parecia tão frágil, ela gostava de cuidar dele.
E acabou mimando-o demais.
Ele sentiu-se numa gaiola, por melhor que fosse os cuidados, e como já era previsto, voou.
O que está dentro de nós é um conto, com físicos diferentes, porque o lúdico é uma verdade pintada, realçando o que há de mais importante.
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