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28.1.11

queria estar aí, voltar pra aí, emagrecer aí, ver esses amigos aí, morar um pouco aí.


entrar nesse foto aí, dá um cheiro nomeu sobrinho, beber um pouquinho dessa cervejinha, dançar, rir, a única coisa que não quero era dor que tinha nesse dia. Posso recuperar esse dia, e posso me poupar de nunca mais sentir essa dor.

22.1.11

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

16.1.11

Não consigo escrever nada, nem dormir. Procuro inspirações, mas nada.
estou na onda do Poema Sujo!
Plena pausa

Lugar onde se faz
o que já foi feito,
branco de página,
soma de todos os textos,
foi-se o tempo
quando, escrevendo,
era preciso
uma folha isenta.

Nenhuma página
jamais foi limpa.
Mesmo a mais Saara,
ártica, significa.
Nunca houve isso,
uma página em branco.
No fundo, todas gritam,
pálidas de tanto.


Paulo Leminski
(1944-1989)
Malva-maçã

De teus seios tão mimosos
quem gozasse o talismã!
Quem ali deitasse a fronte
cheia de amoroso afã!
E quem nela respirasse
a tua malva-maçã!

Dá-me essa folha cheirosa
que treme no seio teu!
Dá-me a folha...hei de beijá-la
sedenta no lábio meu!
Não vês que o calor do seio
tua malva emurcheceu...

A pobrezinha em teu colo
tantos amores gozou,
viveu em tanto perfume
que de enlevos expirou!
Quem pudesse no teu seio
morrer como ela murchou!

Teu cabelo me inebria,
teu ardente olhar seduz;
a flor de teus olhos negros
de tua alma raia à luz,
e sinto nos lábios teus
fogo do céu que transluz!

O teu seio que estremece
enlanguesce-me de gozo.
Há um quê de tão suave
no colo voluptuoso,
que num trêmulo delíquio
faz-me sonhar venturoso!

Descansar nesses teus braços
fora angélica ventura:
fora morrer - nos teus lábios
aspirar tua alma pura!
Fora ser Deus dar-te um beijo
na divina formosura!

Mas o que eu peço, donzela,
meus amores, não é tanto!
Basta-me a flor do seio
para que eu viva no encanto,
e em noites enamaradas
eu verta amoroso pranto!

Ó virgem dos meus amores,
dá-me essa folha singela!
Quero sentir teu perfume
nos doces aromas dela...
E nessa malva-maçã
sonhar teu seio, donzela!

Uma folha assim perdida
de um seio virgem no afã
acorda ignotas doçuras
com divino talismã!
Dá-me do seio esta folha
- a tua malva maça!

Quero apertá-la a meu peito
e beijá-la com ternura...
Dormir com ela nos lábios
desse aroma na frescura...
Beijando-a sonhar contigo
e desmaiar de ventura!

A folha que tens no seio
de joelhos pedirei...
Se posso viver sem ela
não o creio!...Oh, eu não sei!...
Dá-m'a pelo amor de Deus,
que sem ela morrrerei.

Pelas estrelas da noite,
pelas brisas da manhã,
por teus amores mais puros,
pelo amor de tua irmã,
dá-me essa folha cheirosa
- a tua malva-maçã.

Álvares de Azevedo
(1831-1852)

O Poeta é um fingidor!

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